O Padre, homem de fé – do Mistério ao ministério - VII Simpósio Nacional do Clero - Fátima, 4 a 7 de Setembro de 2012


O Padre, homem de fé – do Mistério ao ministério 
A melhor forma de agradecer um dom é aceitá-lo, acolhê-lo, valorizá-lo, dar ao outro a alegria de o poder dar ou de o ter dado. Recebê-lo, agradecido, é cuidar dele. E cuidar dele é zelar para que não se degrade, é vigiar para que não se extinga. É, fundamentalmente, reavivá-lo. Do dinamismo originário da fé cristã faz, precisamente, parte integrante e constitutiva a lógica do dom que é a mesma lógica da confiança e do oferecimento. Deus revela-Se, faz-Se dom, a humanidade acolhe e oferece-se confiadamente nas mãos de Deus. E a fé surge, simultaneamente como dom de Deus e resposta livre do homem, manifestação de que a revelação de Deus chegou ao seu destinatário. De facto, quem não confia também não se deixa interpelar nem chamar; quem não sai de si mesmo também não sabe nunca acolher; quem não é capaz de se dar gratuitamente também não sente nunca a alegria dos dons que recebe; quem não sabe agradecer também não é capaz de viver sem estar permanentemente a exigir recompensas, a estudar estratégias, a evidenciar e expor direitos, a reivindicar atenções para satisfação pessoal, enfim, a mercantilizar os sentimentos. Entrar na lógica do dom é diferente, é surpreender-se e deixar-se surpreender na gratuidade. É antecipar-se na caridade. É aí, de resto, que acontece a nossa maior semelhança com Deus (o amor e o amar) e é aí que somos mais humanos. Quem não é capaz de entrar na lógica do dom não é capaz de entrar na relação da fé.
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